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Sobre a situação das pessoas LGBTs após a reforma trabalhista

Foi aprovada na noite desta terça-feira, 11 de julho, a reforma trabalhista proposta pelos grandes empresários através do governo de Michel Temer e seus aliados (PSDB, PP, DEM etc.).


É consenso entre as pessoas que compõem o coletivo Bi-Sides o fato de que as mudanças são um retrocesso, e que a situação de subemprego para a qual pessoas bissexuais e demais LGBTs são empurradas — situação amplamente comprovada através de variados estudos estatísticos — só tende a piorar. No telemarketing, p. ex., é extensa a quantidade de trabalhadores LGBTs, um dos únicos lugares em que a mão de obra barata e o ambiente abusivo justificam a contratação de indivíduos que desviam das normas de gênero e sexualidade, ou em que podem ignorar sua cor da pele, seu cabelo e demais símbolos raciais que rompem e desafiam o racismo estrutural. Na ocasião de busca pelos direitos trabalhistas, os sindicatos geralmente não oferecem qualquer apoio ao trabalhador, preferindo formar acordos escusos com as empresas. Do resto das vagas somos explicitamente excluídos, e qualquer oportunidade nos é negada.


Pessoas trans e travestis são sistematicamente impelidas à prostituição, o que facilita a exploração sexual. Além disso, uma pesquisa realizada com 10 mil empresas pela Elancers, empresa de sistemas de recrutamento e seleção, mostra que 1 em cada 5 não contrataria LGBTs devido à sua sexualidade e gênero. Segundo uma pesquisa feita nos EUA e facilmente observável no nosso próprio contexto, 25% das pessoas bissexuais vivem em situação de pobreza. Pouco mais de 20% das pessoas bissexuais são assumidas no trabalho, por serem consideradas confusas e pouco confiáveis pelos empregadores, além de instáveis. Mulheres bissexuais ficam expostas a assédio sexual assim que se torna conhecida sua bissexualidade. Todas as pessoas LGBTs, quando não estão fadadas ao desemprego, seguem sujeitadas a diversos tipos de violência no ambiente de trabalho.


No entanto, mesmo que a CLT só funcionasse em teoria para muitas pessoas e que este fato deva ser demandatoriamente ressaltado, a aprovação dessas alterações nas leis trabalhistas fragiliza ainda mais o pouco poder que o trabalhador tem de resistir à exploração capitalista e seu acesso aos mecanismos de defesa. A reforma trabalhista legitima e normaliza oficialmente essa situação, e como sempre as pessoas pobres, negras, indígenas, mestiças, mulheres e LGBTs compõem a base dessa pirâmide, sofrendo diretamente com os problemas decorrentes.


Um governo sem comprometimento com o trabalhador LGBT, que serve apenas para mediar os interesses do capital, não pode existir sem que nos posicionemos e o critiquemos no espaço da página, ainda mais considerando-se o teatro em forma de oposição que temos na Câmara e no Senado, assim como na maioria dos âmbitos da política partidária e institucional.


Sigamos na luta.

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